Não tem título

Os dois atravessam a noite sem se aprofundar em nenhum dos casos que os assola.

Um está arrasado pelo fim do que parecia ser infinito e, provavelmente, infinito será apesar das interrupções.

Outro está preocupado com a frieza que se aproxima do relacionamento. Não sabe se é uma frieza sazonal ou perene.

De qualquer forma, os dois bebem, pensam e falam sobrem o que quer que seja, menos o que mais ocupa suas respectivas mentes.

A vida, as pessoas, o pessimismo, a morte, a perda e suas consequências, o mercado, o jornal, a rotina, a vida. Mas não a própria vida, nada diretamente ligando a eles.

A vida, essa coisa que parece tão ínfima e tão infinita ao mesmo tempo. Temos a sensação de que viveremos para sempre, mas assistimos aos idosos irem e nos perguntamos até qual ano aguentaremos. Como seria a última etapa do que consideram o ciclo da vida?

Você quer viver muito? Pouco? O que acha de tudo isso? Será que sua visão sobre isso realmente conta?

–  Ah, está muito velha para opinar; ou

– Você é nova(o) demais para opinar.

E a vontade da pessoa vai para exatamente de onde veio: lugar algum. Pois ninguém sabe de onde veio ou para onde vai cada um. Esse é um enigma que, apesar de sua mãe acertar quando vai chover ou não, ninguém pode te orientar.

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