? – Capítulo 3 (Log #3)

Capítulo 2

Dia 42

Ansiedade. Eu sofria de ansiedade. Ela não aparecia apenas quando algo que eu julgava importante estava para acontecer, ou quando algo realmente importante, bom ou ruim, acontecia. Ela estava presente constantemente. Ir em um evento social? Lá estava ela (mesmo com pessoas já conhecidas). Deixar de ir no tal evento social? De mansinho ela aparecia. Eu perdi as contas de quantos ataques de pânico eu tive sem nenhum motivo aparente. Talvez fosse o fato de a vida ser acelerada em todas as vertentes possíveis. Tudo era para ontem. E tudo era esperado de você. Basicamente a gente era criado com base nas expectativas de nossos pais, amigos, conhecidos… da sociedade. Na verdade, pensando agora, não sei se as expectativas eram impostas pela sociedade, ou se as expectativas se impunham sobre ela. Acho que é aquele velho cliché do ovo e da galinha. Quem veio primeiro? A expectativa de que nós vivêssemos de certo modo, ou o certo modo que gerou as expectativas? Não sei. A parte engraçada disso tudo é: eu tô completamente sozinho, não tenho pressão para fazer nada. Como a hora que quero, converso com a Andressa quando quero, acordo quando quero e, mesmo assim, a ansiedade ainda me assombra. Acho que, de certa forma, fui acometido pelo mal de me sentir ansioso por não me sentir ansioso. E eu contando vantagem por ser o único a ter o presságio e ter me preparado para um momento como estes, de não ter sido escutado, por terem me achado louco quando comecei a estocar comida, me tornei um viciado em ansiedade. Eu ri quando me vi sozinho. Ri da ironia. Eles riram de mim. Eu ri deles. Mas, no final, acho que a piada era sobre mim mesmo.

Capítulo 4