Ele aproximou-se do corpo. Era um jovem em seus 20 e poucos anos. Estava estirado no meio da estrada, a parte superior numa faixa, a parte inferior na outra.
Nitidamente, o que é que houvesse acontecido com aquele rapaz resultou em um grande ferimento em sua cabeça.
Estranhou o fato do corpo estar trajado com uma jaqueta completamente igual a sua. Estranhou também o fato de suas jeans serem completamente idênticas.
(Se não fosse sua perda de memória perceberia que ali jazia o seu próprio corpo. Infelizmente sua falta de recordações lhe privava de lembranças, tais como a vez em que havia ganhado uma bicicleta em um sorteio aos cinco anos, do fato de já ter bebido tequila com larva em um de seus aniversários e o que ele fazia perambulando por ali. Mas, mais importante naquele momento era a sua completa ignorância a respeito de como era sua própria face)
Ele pensou em ligar para o serviço de emergência, porém só lhe restavam 3 tampinhas de longnecks, uma bala mentol, alguns trocados e o papel que havia passado por pelo menos duas vezes na máquina de lavar. Não havia nada a ser feito.
Decidiu seguir a estrada. Ele poderia encontrar algum telefone de emergência a beira da rodovia ou então acenar para algum carro que estivesse passando.
Olhou para os dois lados do caminho. Idênticos. Resolveu seguir um deles.
Caminhou cerca de 800 metros e deparou-se com uma placa.
“41 Km”
Prosseguiu por mais um tanto e encontrou outra sinalização.
“42 Km”
Resolveu voltar. Independente de onde vinha e para onde ia aquela via, suas maiores chances de achar um centro urbano era se dirigir em direção ao kilometro 0.
Passou pelo corpo. Sentiu calafrios ao olhá-lo novamente.
Decidiu ignorá-lo e focar em seu objetivo.
Prosseguiu em sua caminhada. Era difícil se concentrar com sua forte dor de cabeça, que agora estava em um nível nove.
40. 39. 38. 37. 36… Pouco mudava ao seu redor. As árvores continuavam permeando ambas as encostas do caminho. Nenhum carro passou, em nenhuma das direções. A única distração, se é que podemos classificar isto como distração, eram as curvas acentuadas que desenhavam aquela via. Para ele já era difícil caminhar de forma digna em linha reta. As curvas tornavam a tarefa ainda mais difícil.
Decidiu encará-las como um jogo. 20 pontos por curva feita de forma correta. -10 a cada vez que caísse em uma das valas. Após 5 kilometros sua pontuação era de -60.
Caminhou por mais 3 kilometros até que avistou luzes piscando por entre a neblina na distância. Apertou o passo. As cores foram ficando mais nítidas: um pisque vermelho, dois pisques brancos, um pisque azul. Um pisque vermelho, dois pisques brancos, um pisque azul.
Chegou perto o bastante para identificar uma ambulância e um carro de bombeiros estacionados no acostamento. Mais a frente havia um carro capotado, parado bem ao pé de uma árvore no lado direito.
Aproximou-se. Os bombeiros tentavam, ao que parecia, socorrer alguém de dentro do veículo acidentado. Os paramédicos carregavam um corpo já ensacado para dentro da ambulância.
Encostado no caminhão de bombeiros estava um rapaz fazendo rápidas anotações em uma prancheta.
“Ei!”, ele disse.
Nenhuma resposta.
“EI!”
Nenhuma resposta.
O rapaz agora entrava no veículo para guardar a prancheta no guarda luvas.
“Ela morreu instantaneamente na batida”, ouviu um dos paramédicos falar.
Tentou contato com o mesmo.
“Ei!”
Nenhuma resposta.
“EI!!!”
Nenhuma resposta.
“Puta que pariu, será que alguém pode me ajudar???”, ele gritou.
Nenhuma resposta. Nem mesmo olhar para ele eles olharam.
Viu mais a frente uma moça chorando no meio da estrada. Ela observava a cena.
“Ei, moça!”
“Gabriel!!! Por favor, Gabriel!!!”, ela gritou desesperadamente em direção aos entulhos.
“Moça, vai ficar tudo bem!”
“Gabriel, não desiste! Não desiste! Você ainda tem chance, Gabriel!”
“Moça, os bombeiros vão retirá-lo, fica calma.”
Neste momento um forte clarão apareceu por entre os destroços do carro e, assim como veio, se foi.
Ela olhou para ele.
“Não vai ficar tudo bem.”
Um elevador surgiu aonde antes não havia nada. Ela apertou o botão para cima e entrou.
O elevador subiu rapidamente em direção ao céu.
Arrepiante. Vou ler mais contos seus. Gostei da linha.
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Obrigado! Abraços!
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Amei. Acho que a resposta de tudo que ele procura vai chegar com a recuperação de sua memória e ele se encontrar no seu próprio corpo na estrada. Muito bom!
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Vamos ver, Artur! Obrigado pelo comentário! Espero suprir as expectativas nos próximos capítulos! Um abraço!
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Estarei esperando como muitos que o leem. Abraços.
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Uau gostei haha primeira vez no teu blog ^^ Quero saber a continuação dessa história ^^
Beeijos
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Obrigado, Thalita!!! Espero corresponder a expectativa! Tem outra escritora muito boa que tbm escreve aqui, a Isa! Recomendo muito os textos dela! Beijos!!!
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Hmm vou dar uma olhada nos textos dela ^^
Beeijos
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Seus textos são profundos demais! Perfeitos! Parabéns.
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Obrigado, Ricardo!!! Um grande abraço!
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Gosto do seu estilo! Instigam .. 😉
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Obrigado, Zaida! Um abraço!
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Fica difícil não gostar dos seus contos. Em parte porque a temática é interessante; tem a solidão, o desespero, o desconhecimento, todos elementos que transformam um personagem em alguem interessante. Acho inteligente a forma como vc e a Isadora (que tem o nome da minha filha) abordam a morte, não como um evento mas como a falta de vida.
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Obrigado! Fico feliz em estar entretendo, mesmo com o que ainda parece ser uma história triste, algumas pessoas! Gosto de seus reviews tbm! Um grande abraço!
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Ah! Um pouco mais sobre a temática: foi completamente coincidente… acho que nem eu, nem a Isa temos o interesse de focar apenas nesse tópico, e tão pouco combinamos de escrever sobre! Conforme os textos forem sendo desenvolvidos imagino que os temas se diversifiquem!
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Adoreii
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Obrigado! Estou publicando aos poucos, os outros dois caps tão no blog!
Abraços!
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De nada..
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