Quando eu conheci Holden Caulfield de novo

Um grupo enorme de pessoas em um aplicativo de mensagens.

Brigas, discussões, piadas, memes, uma caralhada de gente idiota.

E uma foto de perfil. Um desenho. Um garoto com um cigarro na boca e um chapéu de caça vermelho.

Eu reconheceria aquele desenho em qualquer lugar, aos 26 anos, com aquele livro fazendo parte da minha vida desde os 14, é difícil perder referências.

Ele tem a boca grande, ele fala sem freios, como se soubesse todas as verdades que nós ignoramos, pois somos phonies. Mas é claro como tudo vem com dor, insegurança e medo. É o famoso escudo da insegurança.

Obviamente, a vontade de conhecer, e entender o que fez dele assim, veio. Mas eu não poderia só chegar falando, invadindo. É como tentar juntar polo positivo com positivo de dois ímãs, eu seria repelida ao mesmo tempo em que faria o mesmo. O sentimento é de frustração, porque, ao contrário de quando conheci o Holden aos 13 anos, nós vivíamos na mesma cidade e precisávamos um do outro. Agora, ele não precisa de mim. Ele tem mecanismos de defesa que tomaram conta dele e que ele já não consegue controlar.

Como ele mesmo disse, nós sabemos o que vai acontecer quando chegamos perto de algumas pessoas. Nós sentimos. Mas ainda assim…

Ele sofre, ele sente dor o tempo todo. Ele é bom, ele é puro, ele não quer que as pessoas conheçam essa dor, apesar de ele saber que essa dor o faz enxergar melhor o que muitos ignoram. Mas a dor também o cega para as coisas óbvias, ela o afasta de coisas que poderiam ser boas.

E ele odeia que eu fale dele desse jeito, porque eu não o conheço. Nunca conhecerei.

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